Animações adultas são um porcaria e os roteiristas delas são adolescentes edgys
Animação no Ocidente sempre foi visto como algo infantil, era vista como desenhos animados para entrenter as crianças e adolescentes, o que é um grande visto que Batman a Série Animada (1992-1995), O Rei Leão (1994), O Corcunda de Notre Dame (1996), Super Choque (2000-2004), etc. Abordam questões que a maioria das crianças não captam assistindo, sendo necessário um pouco mais de maturidade para entender a real mensagem. Porém, com o passar dos anos e o crescimento da indústria as animações ganharam cada vez mais ramificações para atingir as diferentes faixas etárias até chegar nos adultos.
Enquanto os exemplos citados tratam de temas como morte, uso de drogas, armas de fogo e bullying de maneira mais moderada porque tinha uma lista de restrições dos temas que podiam ser abordados em shows infantojuvenis, as adultas aproveitam de maior liberdade já que passam tarde da noite ou de madrugada e serem focadas no público +18. Então, personagens bebendo bebidas alcoólicas, usando drogas, fazendo sexo ou falando palavrões é permitido (e as vezes até incentivado). O problema de ter tamanha liberdade é que muitos escritores não sabem como aproveitar e criam a coisa mais horrenda de genérica e sem graça já vista, parece que toda a liberdade é gasta tentando fazer algo que choque o público de todas as maneiras. Os roteiristas são semelhantes à adolescentes que acabaram de descobrir o humor negro e falam a maior idiotice do mundo como se fosse uma grande piada.
Os desenhos adultos podem ser divididos em dois tipos: os de reflexão e os de choque. Os primeiros são obras como Midnight Gospel que levam o espectador a refletir sobre coisas da vida, cada episódio é pensado para que você desperte para uma nova forma pensar, é para terminar os episódios e ficar "nossa eu nunca tinha pensado nisso. Já os outros tem como representante Mr. Pickles e Family Guy, aqui o intuito é deixar quem está assistindo desconfortável, as tramas sempre tem algum elemento que te fazem querer vomitar de tão nojentas seja visualmente ou pelo contexto. E não teria problemas de existir obras que causem desconforto, é normal que a arte cause essa sensação e até algo bem antigo quando lembramos que coisas como "Salò ou os 120 dias de Sodoma" existem. O problema é que nas animações adultas isso é tratado da pior maneira possível.
Os roteiristas não conseguem compreender que humor negro precisa de uma quebra de expectativa para funcionar, você precisa ir guiando o público por uma história boba e falar algo que ninguém esperava no momento certo. Exemplo:
– Você sabia que meu avô lutou na II° Guerra e derrubou 15 aviões dos nazistas?
– Sério? Ele era piloto?
– Não, ele foi o pior mecânico de aeronaves da Alemanha"
Porém, as animações adultas ignoram a necessidade do contexto e só jogam a punchline na sua cara ou ficam repetindo a mesma piada até perder a graça. Fora as inúmeras vezes que eles decidem mostrar uma cena de violência gratuita para indicar maturidade, pois sangue = maduro. Mr. Pickles é o suprassumo do que estou falando porque lá não tem piadas, tem cenas que para você achar engraçado tem que ter a mente de um adolescente de 13 anos que quer ser diferente. A premissa do desenho é até interessante, uma pena que os episódios se resuma ao vovô tentando desmascarar o Mr. Pickles e o cão fazendo uma chacina por onde passa, porque 20 minutos de violência gratuita é exatamente o que adultos gostam e querem assistir. O caso de Family Guy é ainda pior porque existia a chance de fazer algo bom, porém do meio para fim desistiram e focaram no lado mais grotesco da série; minha hipótese é de que cansaram de serem chamados de cópia dos Simpsons e decidiram mostrar como eles mais maduros porque o desenho da família amarelo nunca teria tanta violência e sexo quanto eles. É visível que o Pete burro e desajeitado, porém esforçado e gente boa morre e dá lugar a uma versão psicopata e violenta com o passar das temporadas.
É desolador ver que o pessoal da produção de animações adultas prefere jogar na zona segura de piadas sobre sexo, drogas e violência enquanto as versões infantis cheias de limitações conseguem fazer coisas incríveis. Parece que quanto mais restrições existem, mais a criatividade aflora porque os criadores têm ideias que eles querem colocar no show, entretanto não podem. Então eles inventam alguma alternativa mirabolante para que a ideia deles seja aprovada pelos executivos.